Como numa novela, passado e presente se misturaram na terça-feira, em Angra. Emocionado, Carlos Zara que viveu o Marcos Assunção e dirigiu "Mulheres de Areia", em 1973, abraçou Guilherme Fontes, o Marcos Assunção da versão 93 da trama.
Zara contou que vai fazer uma participação na história atual, vivendo o sorveteiro Zé Pedro. O personagem, na verdade, pertencia a "O espantalho", sucesso de Ivany Ribeiro, em 1977. Com a compilação das duas novelas, ele foi inserido como um observador de tudo o que acontece em Pontal D'Areia.
- A história é a mesma, mas foram adicionadas algumas coisas de "O espantalho". Tem também uma grande preocupação ecológica. Mas ainda não sei até que ponto meu personagem vai funcionar na trama - comentou Zara.
O ator acredita que como ''as novelas são histórias contadas através da televisão", não se pode mexer muito em uma fórmula que vem dando certo há tanto tempo:
- Com os recursos técnicos pode-se gravar as cenas mais rapidamente. Acho que se a gente começa a sofisticar demais, a novela perde. O grande mérito e o charme de "Mulheres de areia" estão na simplicidade e na pureza da trama de Ivani.
Com Guarnieri e Eva em cena da novela |
Tido como diretor muito exigente na época da primeira gravação da novela, Carlos Zara lembrou que o elenco tinha um certo distanciamento dele. As divergências de opinião eram freqüentes até com Eva Wilma, a protagonista da história e com quem mais tarde acabou se casando. Hoje só restam boas lembranças.
- "Mulheres de Areia" é um clássico da dramaturgia novelesca - resume Zara.
Guilherme Fontes não viu a novela em 1973. Ele prefere não se ligar ao passado e fazer um Marcos Assunção muito próprio:
- É difícil defender uni personagem antes de a novela ir ao ar. Estou começando a conhecê-lo agora. Sei que ele trabalha numa corretora de valores, é apaixonado pela Ruth (Glória Pires) e deve suceder o pai na administração da Pousada da Praia. O que me motiva em "Mulheres de areia" é o universo particular, em que todos os tipos são puros e enigmáticos.
DOIS DIAS DE CORRE-CORRE E 11 CENAS GRAVADAS - Dois dias, 11 cenas gravadas, 80 figurantes, 55 pessoas entre técnicos e elenco. Foi grande a mobilização no Hotel do Frade para que tudo corresse dentro do previsto pela produtora executiva Mana Alice Miranda. Na última quarta-feira, a chuva prejudicou a realização dos stock-shots - imagens da paisagem que serão inseridas durante o desenrolar da novela. Mas quando foi necessário, o sol brilhou.
Na terça-feira, antes das cenas sobre a interdição da praia em frente à Pousada, Matias (Chico Tenreiro), Joel (Evandro Mesquita), Tônia (Andréa Beltrão), Marujo (Ricardo Blat) e Floriano (Sebastião Vasconcelos) discutiram sobre a melhor atitude a tomar diante da decisão do prefeito. Wolf Maia lembrou que a briga entre o prefeito bom caráter, ainda sem ator definido, e o vice explorador (Raul Cortez) pertencia a "O espantalho".
- Ivani Ribeiro tem 80 anos e 39 novelas. Ela escolheu as duas melhores e fez um texto bem interessante. Quem tiver assistido à primeira versão poderá lembrar das tramas principais, mas estamos fazendo uma outra novela - diz Wolf.
Ainda sem ator escalado, o personagem mais puro da trama, o escultor Tonho da Lua, tem três fortes candidatos: Marcos Frota, Ângelo Antônio e Irving São Paulo, que poderá viver um piloto de helicóptero, caso não seja o escolhido. Para o papel de Clarita, mãe de Marcos e Malu, já está confirmada Suzana Vieira. Wanderley, que trabalha na fazenda de Arlete (Thaís de Campos), será vivido por Paulo Betti. Humberto Martins será Alaor, o par romântico da rebelde Malu.
Jornal O Globo
28/10/1992
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