terça-feira, 25 de outubro de 2011

AS ARTIMANHAS DE IVANI RIBEIRO


Ivani Ribeiro realmente sabia como poucos contar uma boa história e brincar com a identificação do público. Assistindo Mulheres de Areia, percebemos algumas artimanhas bem preciosas para se estabelecer e solidificar uma boa novela.

Vamos relembrar que quando Mulheres de Areia começa temos um jovem cowboy apaixonado pela doce Ruth, a gêmea boa. Alaor é tudo que uma mulher gostaria de ter: masculino, bonito, trabalhador, honesto, mas a professora o quer apenas como amigo e decide voltar para a casa dos pais que agora moram em Pontal D'Areia.

Ruth conhece Marcos, o jovem herdeiro da família Assumpção e por ele se apaixona, mas de olho na riqueza do rapaz, Raquel, a gêmea má começa a armar e consegue roubar o namorado da irmã. Marcos se apaixona de fato por ela e o público começa então a considerá-lo um banana, logo, merece ser enganado mesmo.

O caminho natural seria então todos torcerem por um casal que daria certo: Alaor e Ruth. Mas Ivani não era boba, pega o cowboy apaixonado e o coloca no caminho da intempestiva Malu (Vivianne Pasmanter). A química é perfeita e a autora parece confiar bastante nisso. Tanto que nem se cita mais esta primeira paixão.

Então voltemos ao triângulo Ruth-Marcos-Raquel. Raquel e Marcos se casam e Ruth fica lá sofrendo enquanto o casal se diverte em lua de mel. Marcos continua sendo um banana, mas as coisas começam a mudar ainda na viagem. A primeira briga vem mostrar que ele não é tão bobo assim.

Aí vem o golpe de mestre da autora. Marcos começa a trocar as bolas quando se refere a Raquel. A megera deixa bem claro: "Quem disse isso foi a Ruth!" ou ainda "A Ruth é que não bebe, não fuma e que gosta de cheiro de camarão!". 

O público percebe, então, que Marcos já entendeu o erro cometido e o conflito que fortalece o personagem se arma. Ele se casou com uma, mas se descobre verdadeiramente apaixonado por outra. Até que um acidente (importante dizer que antes do capítulo 80 na exibição original) vai mudar completamente a vida de todos e a novela toma o rumo de um grande romance melodramático e quase trágico. 

E a partir disso, acontece aquilo que só uma boa novela pode oferecer. Todos torcem, todos sofrem, todos se emocionam. Se este não for o papel de uma telenovela, então que se apaguem as luzes.

Por Jean Cândido Brasileiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente a novela!