NOVELA



Para escrever a nova versão de Mulheres de Areia, a autora Ivani Ribeiro baseou-se em duas novelas suas: a primeira versão da trama, exibida pela TV Tupi em 1973, e O Espantalho, que assinou na TV Record em 1977. 

Eva Wilma na 1ª versão
de Mulheres de Areia
A história se passa na fictícia Pontal D’Areia, cidade do litoral fluminense, para onde Ruth (Glória Pires) volta depois de passar algum tempo dando aulas na escola primária de uma fazenda. Ruth volta a morar com os pais, Isaura (Laura Cardoso) e Floriano (Sebastião Vasconcelos), e a irmã gêmea, Raquel (Glória Pires). Ao reencontrar Raquel, Ruth percebe que, apesar de fisicamente idênticas, suas personalidades são muito diferentes. Ruth é doce, calma e tem um bom coração. Já Raquel é egoísta, agressiva e má. 


Aproveitando-se da semelhança física com a irmã, Raquel planeja conquistar o namorado de Ruth, o bem-sucedido empresário Marcos Assumpção (Guilherme Fontes), que se encanta com Ruth quando a conhece em Pontal D’Areia. 



Para tristeza de Ruth, Raquel consegue seduzir Marcos e se casa com ele, interessada somente na fortuna do rapaz. O casamento, no entanto, não impede que ela continue a se encontrar às escondidas com o mau-caráter Wanderlei (Paulo Betti), seu namorado. Em determinado momento da história, Tonho da Lua (Marcos Frota) descobre a traição de Raquel. Portador de uma deficiência mental, Tonho alimenta um amor platônico por Ruth, sua protetora, e faz de tudo para vê-la feliz. Raquel, por sua vez, o persegue e inferniza sua vida. As limitações de Tonho, no entanto, não impedem que ele seja reconhecido pelas belas esculturas de mulheres que faz na praia. 


A descoberta de Tonho não traz nenhuma consequência para o casamento de Raquel, que dá um jeito de convencer Marcos de que tudo não passa de um engano. Ruth, por sua vez, não consegue esquecer Marcos e sofre ao ver a irmã casada com seu grande amor. A história sofre uma reviravolta quando Raquel sofre um acidente no mar, é dada como morta, e Ruth assume seu lugar para ficar ao lado de Marcos. Mas Raquel não morreu e planeja voltar e se vingar da irmã. 

Além de Tonho e Ruth, Raquel encontra outro obstáculo em seu caminho: o ambicioso e inescrupuloso pai de Marcos, Virgílio Assumpção (Raul Cortez), que é contra o casamento do filho. Vice-prefeito e dono do maior hotel da cidade, Virgílio sonha em transformar Pontal D’Areia em um centro turístico. A ele, se opõem o prefeito ambientalista Breno (Daniel Dantas) e Tônia (Andréa Beltrão), uma engajada comerciante local. O clímax da história envolvendo os dois personagens acontece quando Breno decide proibir o banho de mar na cidade, devido à poluição das águas, afastando os turistas de Pontal D’Areia, para desespero de Virgílio. 


Além da elogiada atuação de Glória Pires, que deu vida a duas personagens inteiramente distintas, mas igualmente fortes, o grande destaque da novela foi Marcos Frota. Seu personagem Tonho da Lua cativou o público e garantiu momentos emocionantes à trama. Vivianne Pasmanter também brilhou, como Malu. Culpando o pai Virgílio pela morte do noivo, a jovem tem um comportamento rebelde até conhecer o vaqueiro Alaor (Humberto Martins). 



PRODUÇÃO 

As cenas externas da novela foram gravadas em três lugares: na cidade cenográfica de Jacarepaguá, em Angra dos Reis e em Tarituba, no litoral sul fluminense. A cidade cenográfica de Mulheres de Areia apresentava uma novidade. Ela foi inserida por newsmate – recurso que permite o recorte de imagens gravadas sobre o chromakey (processo eletrônico pelo qual a imagem captada por uma câmera pode ser inserida sobre outra, como se compusessem fundo e primeiro plano) – sobre a imagem da praia de Angra dos Reis, com a fachada do hotel usado como locação. Isso permitiu a continuidade nas gravações. 

Para os cenários de estúdio foram criados 170 ambientes. Para filmar as cenas em que as gêmeas atuavam juntas, o diretor Carlos Magalhães pesquisou a técnica de duplicação de imagem. Inicialmente foi empregado apenas oultimate, equipamento que permite utilizar a técnica de chromakey e na qual o fundo azul é substituído por outra imagem. A inovação foi a junção dessa técnica ao memoryhead, um cabeçote de memória do computador que guarda o movimento de câmera e o reproduz no momento de se utilizar o chromakey

A finalização é feita na edição. Dessa forma, era possível produzir as cenas sem que a câmera precisasse ficar travada, o que não ocorria antes. Nas cenas em que uma das gêmeas aparecia de costas, a produção usava a atriz Graziela di Laurentis como dublê. Além de lançar mão de sofisticados recursos tecnológicos, o diretor Wolf Maya destaca o profissionalismo da atriz Glória Pires, essencial para a realização das cenas em que as duas irmãs contracenavam. 

Segundo o diretor, a própria atriz fazia a continuidade de suas personagens e sabia exatamente onde estava com a mão ou de que forma havia mexido nos cabelos durante a cena. Além disso, marcava-se nas paredes do cenário, com fita crepe, o lugar exato para onde a atriz devia olhar. 

Os figurinos de Mulheres de Areia mostravam os ricos de maneira sofisticada e moderna, em contraponto aos moradores da aldeia de pescadores, que ganharam figurino atemporal. A diferença no visual de Ruth e Raquel era feita pelo estilo despojado de Ruth e pelos acessórios usados por Raquel, uma vez que as duas usavam vestidos longos e cabelos quase sempre soltos.