ATRIZ BRILHA COMO 'PUNKETE'
A ex-tímida Viviane Pasmanter chama atenção
como a revoltada Malu da novela 'Mulheres de Areia'
Viviane Pasmanter era uma menina tão tímida que saía da sala de aula para tossir no banheiro. Mesmo assim, ainda pequena sabia o que queria da vida: ser atriz. Hoje, aos 21, vive Malu, a filha rebelde de Virgílio (Raul Cortez) em "Mulheres de Areia", segunda novela de sua breve carreira, iniciada com outro papel de destaque, a Débora de "Felicidade".
Para interpretar Malu, Viviane foi buscar elementos em sua adolescência, quando debutava nas crises existenciais e se trancava no quarto para desabafar no microfone de um gravador portátil. "Acho que Malu não é feliz, pois não tem vida própria e só pensa em contestar o pai", analisa.
Gravar as cenas da novela é uma tarefa até divertida para essa paulistana de Higienópolis. "A Malu tem cenas mais leves e engraçadas. Ela tem senso de humor e é intuitiva, pois não vai com a cara de todos os personagens maldosos da novela", diz, comparando a atual personagem com a rancorosa Débora do primeiro trabalho.
Malu atazana o pai por causa de um antigo namorado, que se envolveu com drogas e foi levado ao suicídio por conta de uma antipatia de Virgílio. "Acho que todo o adolescente tem uma fase em que descobre os defeitos dos pais, mas a Malu já não é tão nova e devia cuidar da vida", opina.
com Tony Ramos em Felicidade |
Morando no Rio e ensaiando um novo namoro, Viviane contou com o apoio da equipe de maquiadores e figurinistas da Globo para compor sua personagem. "A gente mistura várias peças, rasga, amarra trapos até ficar no ponto", diz a atriz, que estava deixando o cabelo crescer antes da novela e agora luta contra os efeitos maléficos do excesso de gel. "Pelo menos, consegui me livrar do permanente que queriam que eu fizesse".
No apartamento alugado em que está morando, sozinha, no Jardim Botânico, Viviane exercita seu lado caseiro. Este ano dispensou o Carnaval, talvez assustada com o desfile na Viradouro em 92, quando sambava num carro alegórico que pegou fogo. Passou os dias de folia devorando "O Retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde. "A vida hoje é uma luta contra o tempo para fazermos tudo que desejamos", diz.
Por Marcelo Migliacio
Folha de S. Paulo
28/2/1993