quarta-feira, 28 de setembro de 2011

REDE GLOBO RESGATA MULHERES DE AREIA


Em março de 1973 estreou na TV Tupi a novela Mulheres de Areia, de Ivani Ribeiro. Durante os 11 meses que ficou no ar, a novela conquistou altos índices de audiência c até hoje é uma referência de sucesso absoluto. Por isso a TV Globo encomendou a Ivani uma adaptação de Mulheres de areia para substituir Felicidade no horário das seis a partir de abril. A autora incluirá achados de outra novela sua, a ecológica O espantalho, de 1977, a primeira da TVS de Sílvio Santos.

Na verdade, a novela nasceu na Rádio São Paulo, com outro título: As noivas morrem no mar. O público já tinha aprovado a história das gêmeas Raquel (a má, que atraía maior atenção) e Ruth (a boa). As duas amavam o mesmo homem, o ricaço Marcos Assunção. Depois de muitas maldades, Raquel morre e Ruth assume a sua personalidade.

Com as imagens da TV e a adaptação de Ivani, a trama ganhou maturidade. A atriz Eva Wilma, que fazia as gêmeas, pôde contracenar com ela mesma através de uma técnica improvisada pela equipe, liderada por Carlos Zara, diretor do departamento de telenovela da Tupi e também intérprete do industrial Marcos. Tampando um lado da lente era gravada a cena de uma gêmea. Voltava-se a fita, tampava-se o outro lado da cena e, então, gravava-se o outro personagem. Deu certo e o público vibrou.

Cláudio Correa e Castro com Eva Wilma

Ninguém esquece de Mulheres de areia. Não estou falando do meu sucesso individual. mas de todo o pessoal. Criamos, de fato, uma alquimia fantástica, reconhece Eva Wilma, que hoje está em Pedra Sobre Pedra, no papel de Hilda Pontes. Eva elogia a atuação de Gianfrancesco Guarnieri, escalado para interpretar Tonho da Lua, um poeta apaixonado por Rute e que vivia esculpindo a sua imagem na areia. Também no elenco estavam Cláudio Corrêa e Castro, Cleyde Yáconis, Maria Isabel de Lizandra, Antônio Fagundes e Adoniran Barbosa. Não havia pirotecnia. Era uma novela simples, carinhosa e que sempre procurava valorizar o ator, garante o diretor que, apesar de ser o Don Juan de Mulheres de Areia, não namorava a atriz principal.

Eu já estava separada do meu marido (John Herbert), mas ninguém sabia e eu tinha uma relação de amor e ódio com Carlos, lembra Vivinha (apelido de Eva Wilma), que descobriu mais tarde que seu sentimento estava mais próximo do amor. Tanto que o casamento entre Eva e Carlos Zara aconteceu em 1980. "Eva Wilma fascinava o público, conta Gianfranceso Guarnieri, que entrou para a memória popular depois que deu vida ao Tonho da Lua.

Gianfrancesco Guarnieri com
Carlos Zara e Eva Wilma
Ele era um excepcional que tinha um excesso de inteligência e sensibilidade. Era o único que conseguia distinguir as duas irmãs e fazia isso pela energia, pela epiderme, avalia hoje o ator. Guarnieri concorda com Carlos Zara e Eva Wilma que esta nova versão de Mulheres de Areia será um sucesso. Vivinha acha até que pode dar uma assessoria à direção artística na questão das gêmeas. E se perguntarem quem ela indica para o seu papel, não pensará duas vezes. Já aposta em Débora Bloch e Maria Padilha.

Por
Rose Esquenazi
Jornal do Brasil
2/2/1992

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